Vou procurar saber o nome do pianista
e perguntar se ele me daria uma entrevista.
Ele tocava tranquilamente. Interrompi minhas postagens e fiz esta gravação com meu celular.
Percebi que, sentada a uma mesa, uma mulher olhava com interesse.
Ele correspondeu. Um sorriso discreto, um aceno com a cabeça.
Pronto, pensei, tá feito o contato e um novo romance pode começar.
Com fome, como sempre, comecei a subir as escadas rolantes, me dirigindo à perdição.
Subindo e olhando os dois. Escutando o som bonito do piano, que parecia ficar ainda
mais alto e nítido, à medida em que eu subia mais outro andar.
Ela levou uma garrafa com água pra ele. Gentil.
Cheguei ao meu andar, dei uma última e rápida olhada e torci por eles. Achei bonito.
...
...
As pessoas iam e vinham na Praça de Alimentação, como sempre andaram e foram.
Um casal a mais passou. O pianista e sua namorada.
Andando, como outros clientes anônimos, aquele que, de um piano, enchia de calma
e cultura um prédio inteiro, com o som que tirava das teclas.
Ao vê-los tão cúmplices e descontraídos, tive a quase certeza que já se conheciam.
E que ela, paciente e admiradora, esperava que ele terminasse, pra passearem ali,
como todos os outros.
E sumiram entre tantos.
Aquele que fora a alma do Shopping
E sua amada.
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